O começo de um fim...

E desde que eu te esqueci
Tá tão bom sem você
Você ir fez tão bem por aqui


A gente sempre escuta por aí que "tudo acontece quando tem que acontecer". Na tal da hora certa. Eu acredito nisso, de verdade. Não que isso signifique que nós tenhamos que sentar na cadeira e folhear uma revista, enquanto esperamos as coisas simplesmente darem certo. Também requer esforço e tentativas, porque a gente nunca sabe qual é a hora certa. Também tem um outro ditado que diz que a vida pode não nos dar tudo aquilo que queremos, mas ela sempre nos dá as coisas das quais precisamos. Acho que conforme a gente vai vivendo, a gente vai descobrindo as verdades e as mentiras desses ditos e frases de efeito.

Eu quis você. Quis muito. Mas eu sempre achei que não precisava de você de verdade, não o suficiente e, talvez por isso, a vida nunca tivesse me dado você. Quando eu te conheci sem realmente te conhecer, eu achei ter visto alguma coisa em você. Eu achei ter visto alguma coisa que eu ainda não sabia o que era. Aí eu te conheci. Aí eu conheci o seu coração grande e a sua alma tão brilhante quanto os seus olhos, contrariando a teoria daquela minha amiga, que dizia que você era lindo demais para ser legal também.

Eu nunca aceitei o não-entendimento. Eu nunca aceitei não entender as coisas ou pelo menos parte delas. Eu me dou ao luxo de viver e sentir as coisas, mas, enquanto ser limitado, eu só consigo não entendê-las até um certo momento. A partir daí, eu preciso saber. Eu também nunca aceitei a ideia de que talvez você fosse só mais uma dessas milhares coisas que a gente quer na vida, mas que, por não precisar, a gente não tem. Porque se para te ter eu precisasse precisar de você, então eu dizia que precisava.

Ainda que, naquela época, eu já acreditasse nessa história de tudo tem a sua hora, eu entrei num estado insano de querer que você me visse, me notasse e talvez, por sorte, me quisesse. Alimentada por uma série de coincidências que eu insistia ser destino, a cada dia eu tinha mais certeza que você não era só mais uma dessas pessoas que passam por nós. Você não podia ser só uma coincidência na minha vida. 

Com o passar do tempo, eu te coloquei na minha lista mental de objetivos de vida. E hoje eu posso imaginar a sua cara se eu te contasse todas essas coisas. Eu acho que nem daria tempo de ver direito, pois na metade da história você já estaria correndo para longe. Sabe quando as pessoas perguntam se você já fez uma loucura de amor e você raramente sabe responder, porque liga imediatamente a coisas como pular de paraquedas, fazer uma serenata ou pedir alguém em namoro em um show? Acho que estamos todos enganados. Os filmes nos dão exemplos ilusórios de loucuras de amor. Eu acho que a maior loucura de amor que nós podemos fazer é mudar os nossos conceitos, tomar atitudes que nós normalmente não tomamos, coisas que jurávamos que jamais faríamos. Loucura de amor é fazer algo que você jamais se imaginou fazendo, ainda que esse algo seja pequeno, se comparado às comédias românticas. Por você eu fiz loucuras de amor. E olha que eu nem te amava. E olha que eu nem te amo.

Eu dei tudo de mim, eu fiz tudo o que pude para provar para mim e para as pessoas que você não era só mais uma coisa da minha vida, que nunca seria parte da minha vida. Eu investi tempo, dinheiro, coragem e um bocado de coisas que você nem imagina. Eu fui me desgastando e depois de um tempão de tentativas, eu quase desisti. Quer dizer, eu dizia ter desistido, mas eu só tinha parado de tentar. Aceitei que talvez fosse mesmo loucura gostar de você. Passei apenas a aproveitar as oportunidades. Foi então que, em uma quinta-feira qualquer, quando eu estava prestes a aceitar a simplicidade do sentimento e da vida e de todas as coisas, quando eu estava prestes a aceitar que talvez a minha ideia de que o amor acontece (e que não é algo que se aprende, que se acostuma) fosse utópica demais, você aconteceu na minha vida. Quando eu estava, pela primeira vez na vida, prestes a tomar uma decisão por comodismo e por não acreditar o suficiente nas minhas convicções, você me salvou. E desde então eu nunca mais fui a mesma.

Dizem que tudo acontece na hora certa e dizem também que Deus ou a vida só nos dá aquilo que precisamos. Talvez tudo isso seja realmente verdade. Eu te quis por muito tempo, mas só tive você quando eu realmente precisei. E você abriu os meus olhos e me mostrou que existe muito mais coisa na vida, que ela vai muito além do que os olhos veem. Eu não te amo, nós não fomos felizes para sempre e não duramos mais que alguns dias. Mas eu sinto por você algo que nem sei explicar. Eu amo tudo o que você significou na minha vida naquele momento e você nem imagina. Você mudou tudo o que eu era sem me mudar. Você fortaleceu as minhas verdades e mostrou que as minhas convicções não são ilusórias. 

Eu demorei muito tempo para te escrever isso, mas eu não podia deixar de escrever. Eu precisava te agradecer. Não que eu te deva alguma coisa, porque, apesar de tudo, eu não te devo nada. Mas eu precisava te agradecer porque eu gosto de agradecer as pessoas que transformam a minha vida da forma como você transformou. Obrigada. Eu nunca vou te dizer, você não vai ler e, se ler, talvez não perceba. Nem todos os dados aqui expostos são reais. Mas o carinho e o agradecimento são. Algumas pessoas não precisam ficar em nossas vidas por muito tempo. Algumas delas têm força suficiente para transformar tudo o que nós somos em apenas um instante. E, graças a Deus, depois delas nós nunca mais somos os mesmos.