Muito além de Anna Júlia

Quero ver você maior, meu bem
Pra que minha vida siga adiante...


Eu não sei como começar esse texto, mas preciso fazê-lo. Senti uma vontade absurda de falar, contar o que sinto mesmo sabendo que você pode nem ler isso, porém eu realmente acredito naquela máxima de que publicar um texto é um jeito educado de dizer “Me empresta seu peito porque a dor não tá cabendo só no meu”. 

Você me conhece, sabe que dos muitos amores surreais que tenho, Los Hermanos é um dos maiores. Sempre ouvi muitas músicas e tenho mania de criar trilhas sonoras para tudo, inclusive para textos. Por algum motivo, percebi hoje que nunca citei minha banda favorita em nenhum texto meu. Como isso, se Los Hermanos dá um jeito de aparecer em absolutamente tudo o que faço? Escrevi textos sobre os romances que vivi e em nenhum deles citei sequer uma frase de alguma música deles? Não. Os preservei de minhas postagens por um único motivo: vivi ao som dos Hermanos todos os momentos que me inspiraram a escrever. Alegres, tristes, indiferentes... Não importa, eram e ainda são eles.
Sempre encontrei na arte um meio de me entender, ela sempre expressou o que eu queria dizer e não tinha palavras (embora estivesse repleta delas). 

Há algumas semanas tenho apreciado a discografia de Los Hermanos de novo. Sei todas as músicas de todos os álbuns, mas também sei que tudo se torna mais poético se apreciado por alguém com o coração partido, então por que não? Por que não me arrepiar ao ouvir o instrumental inicial de Sentimental? Por que não expor, cantando aos berros, toda revolta de Azedume? Por que não fazer um Retrato pra Iaiá numa moldura clara e simples? Por que não me sensibilizar com a letra de Sétimo Andar? Por que não me identificar com o Pierrot apaixonado? Por que não ouvir Último Romance e lembrar dos que tive, desejei que fossem os últimos, mas não foram? Por que não ficar em dúvida entre chorar ou desabafar cantando Condicional? Por que não começar por onde a estrada vai, ouvindo Primeiro Andar? Por que não chorar ouvindo o Camelo cantando Pois É? E, ao chorar, por que não lembrar que É de Lágrima que faço o mar pra navegar? Por quê?

A verdade que você não sabe é que foi através dessa “autoanálise hermanítica” que me permiti sentir em totalidade... Eu abri meu coração para o mundo, para entender e me fazer ser entendida. Tenho ouvido mais e falado menos. Eu consegui desculpar e esperar menos dos outros. Eu corrigi todos os erros que resultaram em dores (para mim e para você). Andei descobrindo o que mereço ter e não tenho aceitado menos do que isso. Tenho sido alguém melhor do jeito que eu queria que fossem para mim, do jeito que tentei ser para você. Tenho cuidado mais de mim, tirando todas as mágoas e dores que deixaram por aqui. Eu descobri o caminho para ser feliz comigo mesma e ando egoísta demais para me dividir com alguém, sabe? Eu finalmente me tornei a Amanda que você dizia que eu era, com todas aquelas coisas boas que só você via em mim. Ando tão mudada que você não me reconheceria se voltasse a conviver comigo, na verdade, nem tenho me reconhecido. Aprendi muito e de todas as lições que tive quando você partiu, a maior de todas foi que não tem problema nenhum eu estar triste. E, se realmente são meus abismos que me dão a dimensão de quem sou, que eu salte de cabeça em muitas alegrias, muitas tristezas e que em cada uma delas tenha muito Los Hermanos, pois ainda acho que, com exceção deles, tudo nessa vida só faz mal em excesso.

Logo, foi por finalmente entender sobre excessos que eu (finalmente) te deixei livre, como você queria e acredito que precisava ser. Espero que esteja se autodescobrindo e se amando também, mas, se algum dia você quiser voltar e conhecer essa nova Amanda, quero que seja por ter motivos para isso. E aí, meu amigo, eu ainda posso te entregar o lado direito do meu fone para você ouvir comigo a trilha sonora do que nos virá...

Postagens mais visitadas deste blog

(Res)Sentimentos

O (super)estimado felizes para sempre

Sobre perder aonde queríamos voltar