Sobre querer viver (com você) o que canta Djavan...

O que há dentro do meu coração
Eu tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo tem para me conceder
São tuas, até morrer


Cada vez mais tenho confessado para mim mesma que sou uma romântica incurável. E o pior: uma romântica clichê, daquelas que vive um relacionamento achando que está estrelando um romance hollywoodiano e que chora em casamentos.

Digo que tenho confessado para mim mesma, pois tentava esconder e disfarçar. Eu, no auge do medo e da autoproteção, achava que amar era sofrer. Até que completei 30 anos.

Sempre ouvi dizer que a chegada dos 30 é um evento canônico na vida das pessoas. O momento de refletir sobre as lições que aprendeu e recalcular a rota da vida. Nunca levei isso a sério, até que na virada do ano de 2023 para 2024, depois de fazer a contagem regressiva e abraçar as pessoas que amo, me peguei pensando: “vou fazer 30 anos daqui a alguns meses, e agora?”.

De janeiro a setembro, me vi repensando tudo o que fiz nessa vida. Ri das coisas boas, chorei das ruins e até procurei pessoas do meu passado, para colocar um ponto final em histórias que vivi e pareciam inacabadas, mas percebi que só não tinham acabado para mim. Todo mundo já tinha seguido em frente, menos eu. Mas com você não foi assim, não é?

Você já deve ter percebido que, desde que as coisas acabaram entre nós, todas as vezes em que voltamos a nos falar foi por que você me procurou. Eu nunca te procurei, pois respeito a sua decisão de ter me deixado, mas, principalmente, porque sei que falar com você sempre é um caminho sem volta. É dar vazão àquela avalanche de sentimentos que tenho por você. Sentimentos que sempre tive e começo a desconfiar que sempre terei.

Eu já falei sobre você em vários textos. Todo mundo que ler esse blog vai saber um pouquinho da nossa história. Vai saber dos seus retornos inesperados, de como me senti quando você me contou que sua vida mudou completamente e, principalmente, vai saber que a nossa história não acabou. A sensação é de que ainda não vivemos tudo o que estamos destinados a viver. A sensação é de que podemos e devemos ser mais, juntos. Cada vez que nos falamos, é como se ainda fosse 2015 e eu estivesse amanhecendo no meu computador, jogando sinuca ou fazendo contagem regressiva para darmos play no vídeo que vamos assistir juntos simultaneamente.

Falar com você é pensar “e se?”. E se você tivesse insistido um pouquinho mais em mim? E se a gente tivesse se conhecido antes daquele relacionamento abusivo? Você teria uma versão muito mais calma e segura de mim. Será que assim teríamos dado certo? E se eu morasse na sua rua? E se frequentássemos a mesma universidade? São tantas possibilidades...

Mas a nossa história nós já conhecemos. Sabemos que as coisas não acabaram muito bem e que as idas e vindas fizeram com que a gente conhecesse novas versões de nós mesmos. Adultos, maduros, comprometidos, construindo uma família. O problema é que, em todas essas versões de você, eu ainda vejo o mesmo nerd tímido e fofo que ficou impressionado com as minhas habilidades no Song Pop.

A verdade é que não importa quantos anos passem, nem o que você decida fazer da sua vida, eu sempre vou amar você. Eu sempre vou amar o seu senso de humor duvidoso e a sua risada gostosa. Eu sempre vou amar as suas piadas e trocadilhos questionáveis, mas divertidíssimos. Eu sempre vou amar a sua paciência em me explicar as coisas que você gosta e que não conheço. Eu sempre vou amar o interesse genuíno que você tem em mim e nas coisas que gosto. Eu sempre vou amar como você demonstra gostar de mim do jeito que sou, mesmo sabendo que somos opostos. Eu sempre vou amar a forma como você diz que as nossas diferenças nos completam depois de eu fazer algo absurdo e ficar com vergonha. Eu sempre vou amar assistir você tocando violão e cantando alguma canção para mim. Eu sempre vou amar deixar você tímido durante nossas conversas sobre sexo. Eu sempre vou amar ouvir você contar sobre as suas viagens. Eu sempre vou amar o jeito que seus olhos brilham quando você fala sobre algo que gosta super empolgado (e quase sempre é sobre partidas com seus amigos ou algo de tecnologia). Eu sempre vou amar ouvir sobre como estão os amigos que você tem desde a época que nos conhecemos. Eu sempre vou amar a sua dedicação em procurar coisas para fazermos juntos durante as (agora raras) videochamadas que fazemos.

Sei que essa é uma versão de você que só eu tenho: o jovem cheio de sonhos e planos, conquistando o mundo, fazendo o que ama, trocando o dia pela noite. Pode ficar tranquilo, pois eu vou guardar com muito carinho essa parte de você aqui comigo. Será que você pode guardar e lembrar com carinho da Amanda de cabelo cacheado, vestindo sua camiseta e falando que o seu lanche favorito não é tão gostoso assim? No fundo, eu ainda sou um pouco ela quando estou com você.

E, por favor, nunca se esqueça que eu amo você. Eu sempre vou amar você. Eu sempre vou esperar por você. E todas as horas que o tempo tem para me conceder são tuas, até morrer...

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