A vida é o que acontece enquanto eu te espero...

Tell me how do you make everything feel a little easier
So I stay here 'til waking hours
Who could ever be this good to me
I just can't help but wonder


Já tem uns dias que a gente não conversa e eu sei que, nesse intervalo, muitas coisas mudaram para mim e para você. O seu filho nasceu e você está muito ocupado sendo o que eu sempre soube que você seria: um paizão da porra. Por aqui, eu mudei de cidade, comecei a trabalhar em uma posição que nunca imaginei que conseguiria antes dos 40 anos e estou redescobrindo uma parte de mim que eu nem lembrava mais.

A sua ausência me fez procurar outras formas de espairecer e guardar para mim as milhões de novidades que tenho para te contar. Com tanta energia acumulada, eu resolvi gastar um pouco bebendo. Reencontrei uma amiga da época da faculdade de Sociais, que eu cursava quando nos conhecemos. Nós duas estamos dispostas a viver cada segundo que temos nessa cidade antes que ela se mude para o Mato Grosso. E foi em uma dessas aventuras de quem está disposta a esgotar as oportunidades que a vida dá, que eu conheci um cara.

Na verdade, a história é um pouco complicada. Eu estava combinando de encontrar o amigo dele (que se mostrou um babaca). Esse otário que eu ia encontrar teve a brilhante ideia de pedir para o amigo gostoso e super interessante, que aqui vamos chamar de B, ir com ele até a minha mesa. E essa foi a única coisa boa que o babaca fez durante a noite toda.

Eu estava sentada e, quando levantei os olhos, vi o B em pé, estendendo a mão para mim. Cheio de estilo, com um bigode lindo, os olhos pequenininhos e que diminuíram ainda mais quando ele abriu um sorriso fofo. Apertei a mão dele, grande e com dedos finos, e imaginei como seria sentir ele puxando o meu cabelo enquanto me desse um beijo daqueles de tirar o fôlego. 

A noite seguiu e, a cada música que tocava, eu sentia meu interesse (e tesão) pelo B aumentar. Sempre falei para você sobre como música é importante para mim e o quanto eu gostaria de encontrar alguém que tivesse um gosto musical parecido com o meu. Nunca achei que conheceria alguém da nossa idade que também gostasse de Djavan, Chico Buarque e Jorge Ben Jor. Então, imagine qual não foi minha surpresa ao notar que, na mesa em que estávamos, somente B e eu sabíamos cantar as músicas de Roberto Carlos, Erasmo e Tim Maia que estavam tocando.

Flertei com ele a noite toda. O encarei com a determinação e o fogo de quem come alguém com os olhos. Depois, fiquei sabendo que ele demorou para entender que eu estava dando em cima dele, mas ainda assim retribuiu meus olhares. Ficamos horas falando sobre todos os assuntos possíveis e nos entendendo em cada um deles. Eu me diverti e desejei alguém como não desejava há um bom tempo.

Poucas horas depois de nos despedirmos, fiz aquilo que você diz que faço de melhor: encontrei ele na rede social, puxei assunto e começamos a conversar. Foram poucas mensagens trocadas até eu demonstrar meu interesse por ele. Foi assim que, em menos de 24 horas depois do aperto de mão no bar, ele estava tocando o interfone do meu prédio.

Desde então, tem um monte de coisas acontecendo. A gente tem conversado todos os dias, se encontrado com frequência e eu tenho lutado para não atropelar as coisas e nem cometer os mesmos erros que cometi com você. Não faço isso por achar que ele mereça esse esforço (apesar de ele merecer), muito menos por acreditar que temos algum futuro juntos (até por que cada vez fica mais claro que ele só quer sexo comigo, e tá tudo bem, juro!), mas tomo cuidado por que prometi para mim mesma que todos os homens que passassem por mim, conheceriam a Amanda Bebiano que eu queria ter sido com você.

Com o B tenho sido leve, engraçada e atenciosa, tudo na medida certa (eu acho!). Tenho tentado não sufocar ele com meu excesso de carinho e cuidado que você conhece bem. Passamos horas conversando sobre os mais diversos assuntos, mas quando falamos sobre músicas é que mais me sinto feliz. Claro que minhas conversas com o B não são como as que tínhamos quando amanhecíamos no Skype, mas tenho me sentindo muito bem quando estou com ele.

O B é o que eu chamo de “gostável”. Ele não faz ideia do quanto é fácil gostar dele, mas é. E eu gosto, mas tenho medo de dizer isso e afastá-lo. Assim como eu antes de te conhecer, o B também parece ter uma visão muito estranha sobre relacionamentos. Sabe aquela ideia de que, quando se está com alguém, o casal vira um só e ambos têm que abrir mão de suas individualidades? Então, ele parece pensar isso sobre namorar e aí (claro!) não quer saber de compromisso. Em toda oportunidade que tem, ele deixa claro que entre nós é apenas sexo e eu finjo que não tô nem aí para isso. Mas você sabe que meu jeito de ser carinhosa e de cuidar de quem eu gosto é mais forte do que eu, e é aí que ele se afasta… mas isso é coisa para outro texto.

Dias atrás, depois que terminamos de transar, pedi para a Alexa tocar John Mayer enquanto eu relaxava. Durante anos, eu só ouvi as músicas dele quando queria inspiração para escrever nesse blog. Durante anos, John Mayer foi a trilha sonora dos momentos em que eu sofria por você e escrevia para você. Hoje em dia, incluo as canções no meu dia a dia para lembrar que acertamos as contas com o passado e não tenho mais por que sofrer por nós. Mas você acredita que o B conhecia Slow Dancing in a Burning Room?

Mas não se iluda: tem dias em que as coisas com o B fogem do meu controle e não acontecem do jeito que planejo. Algo que, para mim, virginiana, é uma tortura das grandes, você sabe. Mas, até nesses dias, respeito os limites dele e tento manter as coisas leves entre nós... do jeito que eu queria que tivessem sido entre você e eu. Hoje, graças as lições que aprendi a partir do que vivemos e também graças a maturidade que os 30 anos me trouxeram, consigo lidar melhor com algumas coisas.

No final das contas, esse texto aqui é para te dizer que, assim como a sua, a minha vida também está seguindo. Isso não quer dizer que não tem espaço para você aqui. Na verdade, tem (e sempre terá), mas bem menos do que antes. Com você, entendi que quando coloco outra pessoa no protagonismo da minha vida, tento agradá-la de todas as formas e acabo estragando tudo. Agora, depois de você, entendo que esse espaço é todo meu e cabe a mim decidir quem deve ou não figurar por aqui. No enredo da minha vida, os outros são atores coadjuvantes, pois só há espaço para uma estrela no espetáculo da minha vida: eu. A vida, assim como o show, tem que continuar. E a minha continua. Com ou sem você, com ou sem o B, eu sei que ela vai continuar. Ainda bem!

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